Considerações Finais
Os três autores apresentados têm alguns pontos em comum, que merecem destaque. Ricardo Azevedo e Luís Camargo são ilustradores,
portanto, procuram promover a interação entre texto e imagem. Outro ponto importante é o uso do poema narrativo, mais facilmente identificado em
Cavaleiros das Sete Luas, mas também presente nas obras dos demais poetas, como em A casa do meu avô, de Ricardo Azevedo. É notável o uso da
narração de acontecimentos nos versos de “Segredos no porão”, por exemplo:
Quando estou desanimado
Passo perto da cortina
Pressinto o teu corpo quente
Agarro e você escapa.
Mas o ponto que realmente aproxima esses autores é o fato de não estarem presos à obrigação de produzirem uma poesia moralizante, didática; o
objetivo é trabalhar o caráter estético da poesia, explorar as possibilidades da linguagem. Se fosse diferente, não teríamos a chance de nos divertir com as atitudes nada convencionais do tio Nená:
Só porque ele tem mania
De dormir dentro do armário?
Só porque quando ele zanga
Grita: vai embora diabo!
Só porque de vez em quando
Ele foge pro telhado
E faz xixi nas pessoas
Que passam pela calçada?
(“Meu Tio Nená” – Ricardo Azevedo)
Bibliografia
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AZEVEDO, Ricardo. A casa do meu avô. Melhoramentos, SP, 1986.
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AZEVEDO, Ricardo. Ninguém sabe o que é um poema. Editora Ática, SP, 2005.
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CAMARGO, Luís. O cata-vento e o ventilador. FTD, SP, 1992.
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QUEIROZ, Bartolomeu de Campos. Cavaleiros das sete luas. Editora Global, 2004.
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FRANCISCO, D.A.; SALES, J. B. de. "Poema narrativo na obra de Bartolomeu Campos de Queiroz. Anais do SILEL, Vol.2, N.2. Uberlândia, EDUFU, 2011.
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www.culturainfancia.com.br/portalindex.php?...Uma conversa sobre ilustração por Luís Camargo.